quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Otimismo

Os últimos acontecimentos a que temos assistido nos últimos dias e nos últimos meses, com o surgimento de diversos processos judiciais a incorrerem sobre agentes políticos que desempenharam alguns dos mais altos cargos da esfera governativa, traz consigo um conjunto de desafios às gerações mais jovens que hoje querem fazer política.


É por isso que, mais do que nunca, é impreterível que o exercício da ação política e partidária seja feito de forma transparente, séria e honesta; que o discurso político seja proferido com verdade e desprovido de manigâncias; que as ações sejam para as pessoas e pelas pessoas. No fundo, exige-se que sejamos exigentes com nós próprios, claros e persistentes a perseguir os objetivos que traçámos; que estejamos para servir e não para nos servir.

São estes constructos de personalidade e de carácter que encontrei na maioria dos militantes mais ativos da Juventude Social Democrata, com quem tive a honra e a oportunidade de privar nestes últimos dois anos de militância, em que assumi a presidência da comissão política da JSD Alvaiázere.
Tive a oportunidade de privar com personalidades de grande valia, com enorme espírito de abnegação e de resiliência, que continuarão a fazer afirmar a marca da JSD Alvaiázere a nível concelhio, regional e nacional.

É por isso que hoje, dia em que perfazem 34 anos da morte de Francisco Sá Carneiro, me sinto verdadeiramente otimista...!

Não sendo eu adepto do culto de personalidade ou do messianismo, considero crucial que atentemos sobre o traço daqueles que lideraram com a batuta do exemplo, que Sá Carneiro procurou manobrar com grande maestria.

Ouçamos e aprendamos com a sua sapiência, para que não incorramos nos desvios de conduta daqueles que se serviram: "Não há nada que pague a sinceridade na ação política, como em tudo.". Sei que há muitos na JSD que têm ouvido e aprendido. Estou, por isso, verdadeiramente otimista...

(Publicado a 04 de dezembro de 2014, no espaço de opinião "Opinião Semanal" da página institucional do "facebook" da Concelhia de Alvaiázere da Juventude Social Democrata)

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Não resisti... As primárias do PS

Professo a minha fé: acredito que as eleições primárias são fundamentais para aproximar os partidos políticos dos cidadãos.

Mais: sinto um "amargo de boca" por não ser o meu partido o pioneiro das primárias em Portugal, pese embora o facto de estas há muito serem defendidas por várias personalidades do PSD e pela própria JSD.

Sucede, porém, que as primárias do PS nasceram desvinculadas de substância, tendo sido, antes, uma arguta jogada no xadrez que opõe Seguro a Costa. Está a servir mais como uma bóia, para ajudar Seguro a manter-se mais algum tempo à tona, do que propriamente para mobilizar os Portugueses em torno de uma nova forma dos partidos se relacionarem com a sociedade.



Os cidadãos não gostam (e estão fartos) destas manigâncias, nem tão pouco apreciam o folhetim de bolso que se tem assistido nas últimas semanas. Esperemos que o que se viu sirva de exemplo, para que quem venha a seguir possa fazer melhor...

Ainda assim, embora o enfoque do debate socialista estejam a ser as tricas partidárias, há um conjunto de conclusões imediatas que se podem tirar.

Desde logo, é mais o que os une do que os separa; estilos à parte, a cantilena é a mesma. Por outro lado já deu para perceber que António Costa não traz nada de novo, a não ser o embrulho. O seu discurso é de tal maneira vago, que para além do sound bite da "agenda para a década", não se descortina mais nada de substancial. Desiludam-se, por isso, os que vêm no edil de Lisboa uma espécie de messias ou de D. Sebastião.

Tenho poucas dúvidas de que António Costa vai ser candidato a Primeiro-Ministro. Ganhou as recentes eleições internas para as Federações, tem o apoio da aristocracia socialista e toda a imprensa a levá-lo no andor.

No entretanto, e enquanto a procissão passa, o Governo de Passos Coelho vai fazendo por arrotear o País do pântano em que Sócrates e António Costa, que era seu número dois, o deixaram.

(Publicado a 11 de setembro de 2014, no espaço de opinião "Opinião Semanal" da página institucional do "facebook" da Concelhia de Alvaiázere da Juventude Social Democrata)

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Não há metro em Alvaiázere

O mundo tem estado um quanto ou tanto ao contrário. Os pratos da balança estão desequilibrados, mas hoje houve uma boa notícia que, de alguma maneira, os fez aproximar...

Refiro-me ao anúncio, no final do Conselho de Ministros de hoje, do início do processo de concessão das empresas públicas de transporte a privados.

No seu conjunto, as sete empresas do sector empresarial do estado que operam no sector dos transportes, e que são tuteladas pelo Ministério da Economia, apresentaram, no final de 2013, uma dívida de cerca de 20 mil milhões de euros.

Este valor representa um crescimento do endividamento de 5,6%, devido aos desequilíbrios operacionais das empresas que, embora sejam amplamente financiadas com dinheiro dos contribuintes, não conseguem ser sustentáveis.

É dívida, compromissos, que vão ser pagos pelo estado, ou seja, pelos nossos impostos, reduzindo a capacidade do governo em diminuir a carga fiscal.

A maioria destas empresas opera, principalmente, nas duas áreas metropolitanas do país, no Porto e em Lisboa. Prestam um serviço público de extrema importância, mas não em todo o território nacional. Porém, o passivo destas empresas, o deficit das tarifas que são cobradas, são suportadas não apenas pelos seus utilizadores, mas por todos os Portugueses.

Enquanto que, em nome da sustentabilidade das contas públicas (que eu advogo), o Portugal profundo vai perdendo acesso aos mais diversos serviços públicos, esses Portugueses do profundo Portugal lá vão financiando a dívida do Metro do Porto, da Carris ou do Metropolitano de Lisboa.

Com o anúncio de hoje não ficámos a saber muito. Mas ficámos a saber que com a prestação deste serviço público de transporte por privados, só no próximo ano, o estado vai poupar 85 milhões de euros.


O mundo ainda está ao contrário... Mas já não está a fazer o pino!

(Publicado a 17 de julho de 2014, no espaço de opinião "Opinião Semanal" da página institucional do "facebook" da Concelhia de Alvaiázere da Juventude Social Democrata)

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Movimentos independentes e outros tais

Os partidos políticos navegam num mar turbulento e tempestuoso, tal é o descrédito que paira sobre estes na sociedade.

De facto, muitas vezes a isso se põem a jeito, como atestam as inacreditáveis maquinações que vamos assistindo no folhetim que, diariamente, vai sendo protagonizado pelos militantes socialistas.

Devido a novelas deste tipo, cujo guião reflete "partidarites crónicas" e intrigas partidárias, é que se tem assistido a um aumento da popularidade em torno de partidos "one man show" e em movimentos de independentes.

Com todos os vícios, que não mais do que refletem a condição humana dos seus dirigentes e militantes, mas, felizmente, com muito mais virtudes, a maioria dos principais partidos com representação parlamentar estão assentes num enquadramento e num suporte ideológico que, de alguma forma, norteiam a sua ação política.

É esse ADN que nos permite, por exemplo, suspeitar da democracia entaipada que o PCP advoga ou que nos permite antever que, meramente por hipótese, com o PS no governo, o peso do estado vai engordar. Ou seja, os partidos políticos são, quase sempre, um "porto seguro", na hora do eleitorado tomar opções.

Quer as candidaturas de partidos "one man show" quer os movimentos independentes não têm estas características.

Por um lado, quase sempre são sustentadas no culto da personalidade de uma figura carismática de protesto e com discurso demagógico e fácil. Por outro, as propostas que lhe estão subjacentes esgotam-se em si mesmas, não havendo espaço para a formulação de uma estratégia coerente que possa ser perspetivada a médio prazo.

Como mero exemplo concreto desse vazio, denote-se o périplo que Marinho e Pinto teve que fazer por várias famílias partidárias europeias, de vários espectros políticos, após ter sido eleito para o Parlamento Europeu juntamente com um anónimo e desconhecido candidato pelo MPT. Veja-se o absurdo: teve para ser integrado nos Verdes (de esquerda), e acabou nos Liberais (de direita)!

Os cidadãos devem, por isso, ser exigentes com a classe política. Mas devem, também, ser exigentes consigo próprios, não caindo na tentação de, para castigo de uns, colocar um cheque em branco nas mãos de outros, hipotecando o futuro das instituições e do país.

(Publicado a 25 de junho de 2014, no espaço de opinião "Opinião Semanal" da página institucional do "facebook" da Concelhia de Alvaiázere da Juventude Social Democrata)

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Para que sempre "Abril Sempre"!

Alguém disse que o Homem só se torna definitivo após cinco décadas de vivência. Fazendo o paralelismo com o nosso sistema democrático, diria que antevejo o advento de 10 anos, no mínimo, exigentes...

Eu pertenço à geração do pós-25 de Abril. Desconheço o que é
a privação do exercício de cidadania e de liberdade de expressão ou a inexistência de qualquer tipo de providencialismo por parte do Estado.
A evidência do reconhecimento que toda a sociedade, e mais concretamente a minha geração, deve ter para com todos os agentes que, de alguma forma, contribuíram para a queda do regime ditatorial, reside exatamente no facto de se constituir como um exercício de extrema dificuldade, a concepção imaginativa de como era viver nesse Portugal não muito longínquo.

Esse reconhecimento assume-se da maior importância, não só para que não se esbata a memória coletiva histórica deste episódio singular do passado recente, mas, fundamentalmente, para imprimir na sociedade e, em particular, nos agentes políticos, um sentido de responsabilidade permanente nas suas ações, que não defraude os desígnios substantivos que se pretenderam alcançar na Revolução de Abril.

Não quero com isto dizer que a nossa democracia tenha donos, senadores ou capitães. Ou tão pouco que os catecismos das doutrinas políticas que instigaram a Revolução e inspiraram a Constituição, não possam e devam ser debatidos sem sofismas. O que afirmo, categoricamente, é que há objetivos de Abril que, pelo seu carácter universal e incontestável devem permanecer inscritos na consciência individual de todos os cidadãos.

A letra “D”, de descolonizar, desenvolver e democratizar, sumariza Abril. Veja-se: o objetivo de descolonizar foi atrapalhadamente precipitado, mas atingido. O desenvolvimento do país alcançado em quarenta anos, em grande parte pela adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia, é factual e indesmentível. O desafio principal reside, por isso, fundamentalmente, no fortalecimento contínuo do nosso sistema democrático.

O descrédito dos cidadãos face aos partidos, à classe política e às próprias instituições democráticas, é preocupante e sintomático de que algo não está bem. Neste sentido, urge atuar sobre a causa do enfermo.

Com efeito, considero que a sustentação da nossa democracia reside na nossa juventude. Aos que militam nas juventudes partidárias cabe-lhes a responsabilidade de serem, em primeira instância, rigorosos e éticos na ação política que desenvolvem. Aos restantes, exige-se o envolvimento e uma participação cívica, crítica, incisiva, mas construtiva.

Se os atuais decisores políticos contribuírem para a prossecução destas premissas, que no fundo constituem os esteios para a credibilização do sistema político, estou certo que dentro de dez anos comemoraremos esta efeméride contemplando, sem inquietude de qualquer espécie, o que Abril nos proporcionou.

(Publicado a 24 de abril de 2014, no espaço de opinião "Opinião Semanal" da página institucional do "facebook" da Concelhia de Alvaiázere da Juventude Social Democrata)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

7 dias

Fui, súbita e espontaneamente, impelido por uma vontade arrebatadora de voltar às palavras, neste espaço de prosa emergida das assoalhadas da minha consciente e inconsciente vontade. E porque as vontades são amiúde imprevisíveis, é por isso prudente dar-lhes a atenção merecida (não suceda as mesmas agigantarem-se numa intransigência insaciável), cá me insurjo eu novamente com os meus "julgamentos", perante quem cuja paciência tenha meças com a de Jó.

Um “lugar-comum” seria balancear o ano que já morreu e, qual cartomante ou comentarista de serão, escrever a história dos dias que faltam para assinar a certidão de óbito do que recentemente foi nado. A tal, pelo menos para já, me vou escusar. Como mais acima desabafei: não é isso que assiste aos meus apetites momentâneos e, contra estes, não vou teimar…

Satisfazendo-os, então!

7 dias volveram desde que se derramaram garrafas de espumante e explodiram fogachadas no ar. 7 dias duma tal volúpia noticiosa, duma tal pressa sobre a constante sobreposição e correria de previsíveis e imprevisíveis acontecimentos, que me leva a antever que a manter-se a o ritmo alucinante, finado o ano, estaremos todos mais do que 365 dias mais velhos.

Evidenciando apenas alguma da factualidade conhecida, sem qualquer propósito cronológico, repare-se: o orçamento que entrou, o preço que aumentou, a recessão que abrandou, o Papa que inspirou, a taxa da dívida que baixou, a “chancelarina” que se magoou, o clima que virou, o nosso Eusébio que nos deixou…

Está com pressa, traquina, buliçoso e exigente, este 2014! Aproveitemos a irrequietude que ele nos quer impor, para cumprirmos, nas próximas 51 semanas, os votos, desejos e objetivos traçados há 7 dias. Feliz Ano Novo!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

26 dias... E tudo passou(?)

Volveram 26 dias desde que Vítor Gaspar se demitiu e, no entretanto, os portugueses assistiram a alguns episódios que, sem dúvida, vão ficar para a história do país, infelizmente, não pelas melhores razões. As consequências e as feridas da crise política que se instaurou, (e que, aparentemente, parece estar sanada), essas, provavelmente, não se revelarão no imediato, mas há um conjunto de ilações relativas aos principais agentes políticos do país que não posso deixar de tecer.

Julgo que foi necessário despoletar esta turbulência governativa, para que o PSD desse ao CDS a importância que o parceiro de coligação deve merecer. O CDS tem que valer, para assegurar a garantia de estabilidade do governo, muito mais do que os 11,7% que o partido obteve nas legislativas de 2011.

Posto isso, nada desculpa o comportamento de Paulo Portas. Ele outorgou o acordo de coligação, e assentiu, desde o primeiro momento, ser a terceira figura do governo. Contrariado, ou não, nada justifica que à revelia do seu partido, do seu governo e do seu país, de forma soberba e egocêntrica, abalroasse meses de sacrifícios dos Portugueses. O ato de reversível irrevogabilidade da sua decisão é apenas mais um episódio do seu cadastro político, que tatuará este governo até ao final do seu mandato.

Cavaco Silva surpreendeu; do backstage, passou para protagonista de um guião que ninguém previu e que foi ele que escreveu. Ao contrário de vários analistas, que depressa conjeturaram um intrincado e calculista enredo subjacente à decisão Presidencial, julgo que as reais intenções de Cavaco se esgotaram na sua efetiva vontade de tentar um entendimento político mais alargado.

António José Seguro não fez jus ao sobrenome que ostenta, demonstrando-se mais uma vez que o partido não está com ele, e que Costa está à espreita… Cedeu a Soaristas e Alegristas, e a mais uns quantos que sabem que Seguro está a prazo, que é apenas um verbo-de-encher.

Passos Coelho foi quem acabou por sair mais airosamente da tempestade. É verdade que tem responsabilidades, principalmente, por não ter conseguido gerir a relação de forças dentro da coligação, mas destacou-se dos seus pares pela demonstração de um manifesto sentido de estado. Contas feitas, conseguiu amarrar o CDS à linha governativa, pelo que, aparentemente, lidera agora um governo mais sólido e coeso, numa altura em que a economia parece começar a dar sinais de vida!