sexta-feira, 26 de julho de 2013

26 dias... E tudo passou(?)

Volveram 26 dias desde que Vítor Gaspar se demitiu e, no entretanto, os portugueses assistiram a alguns episódios que, sem dúvida, vão ficar para a história do país, infelizmente, não pelas melhores razões. As consequências e as feridas da crise política que se instaurou, (e que, aparentemente, parece estar sanada), essas, provavelmente, não se revelarão no imediato, mas há um conjunto de ilações relativas aos principais agentes políticos do país que não posso deixar de tecer.

Julgo que foi necessário despoletar esta turbulência governativa, para que o PSD desse ao CDS a importância que o parceiro de coligação deve merecer. O CDS tem que valer, para assegurar a garantia de estabilidade do governo, muito mais do que os 11,7% que o partido obteve nas legislativas de 2011.

Posto isso, nada desculpa o comportamento de Paulo Portas. Ele outorgou o acordo de coligação, e assentiu, desde o primeiro momento, ser a terceira figura do governo. Contrariado, ou não, nada justifica que à revelia do seu partido, do seu governo e do seu país, de forma soberba e egocêntrica, abalroasse meses de sacrifícios dos Portugueses. O ato de reversível irrevogabilidade da sua decisão é apenas mais um episódio do seu cadastro político, que tatuará este governo até ao final do seu mandato.

Cavaco Silva surpreendeu; do backstage, passou para protagonista de um guião que ninguém previu e que foi ele que escreveu. Ao contrário de vários analistas, que depressa conjeturaram um intrincado e calculista enredo subjacente à decisão Presidencial, julgo que as reais intenções de Cavaco se esgotaram na sua efetiva vontade de tentar um entendimento político mais alargado.

António José Seguro não fez jus ao sobrenome que ostenta, demonstrando-se mais uma vez que o partido não está com ele, e que Costa está à espreita… Cedeu a Soaristas e Alegristas, e a mais uns quantos que sabem que Seguro está a prazo, que é apenas um verbo-de-encher.

Passos Coelho foi quem acabou por sair mais airosamente da tempestade. É verdade que tem responsabilidades, principalmente, por não ter conseguido gerir a relação de forças dentro da coligação, mas destacou-se dos seus pares pela demonstração de um manifesto sentido de estado. Contas feitas, conseguiu amarrar o CDS à linha governativa, pelo que, aparentemente, lidera agora um governo mais sólido e coeso, numa altura em que a economia parece começar a dar sinais de vida!

domingo, 16 de junho de 2013

Mediocridade

Depois de umas semanas de ausência, decidi regressar hoje às palavras, e lançando aos meus caros leitores um desafio verdadeiramente hercúleo, mas de grande pertinência nesta época já pré-eleitoral.


Ora aqui vai: entregue-se, estimado cibernauta, à missão de tentar vasculhar e descortinar, nas atas das reuniões da Câmara Municipal de Alvaiázere, ou nas atas das reuniões da Assembleia Municipal, DEZ PROPOSTAS minimamente VÁLIDAS para o concelho, formuladas pelos membros da oposição de qualquer dos partidos com assento nos dois órgãos autárquicos, desde o início do mandato em vigor.

Estou certo que a perplexidade vai tomar conta de vós: não há, praticamente, nada! Não se consegue percecionar, no meio de milhares de caracteres, de centenas de páginas, a mais pequena lufada de uma ideia, que se possa afirmar como alternativa.

O mais curioso é que os membros da oposição, que tão amiúde afirmam haver falta de democracia no exercício político no concelho, acabam por ser os primeiros a demonstrarem incapacidade para estar à altura dos direitos e deveres que a própria democracia lhes consagra, enquanto agentes políticos ativos.

Não seria normal, e até exigível, que no meio da crítica pura e simples que a oposição faz ao trabalho do executivo, fossem apresentadas propostas e ideias suplementares ou alternativas? Não seria essa a responsabilidade de quem, voluntariamente, e muito bem, quis participar ativa e publicamente na vida política do concelho?

Eu, obviamente, não me sinto defraudado pelo trabalho apresentado pelos partidos da oposição, pois não lhes confiei o meu voto, mas não posso, contudo, deixar de lamentar a mediocridade da qualidade da sua atividade política.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Bunny Style


Há alguns dias ouvi Jorge Coelho, a propósito do discurso de 25 de abril de Cavaco Silva, definir a política como “a arte da negociação”. Esta displicente forma de encarar a actividade política é, em si mesmo, parte da explicação da razão pela qual o país chegou ao estado em que nos encontramos.

É indiscutível que a capacidade e engenho negocial se assume como determinante, enquanto meio para atingir um fim. Porém, jamais deverá extrapolar desta dimensão meramente funcional, para uma dimensão estrutural e concetual.

A política deve ser encarada como a arte da assunção de compromissos para o bem comum superior. Julgo que a perspetiva mercantilista e de negócio evidenciada por Jorge Coelho é paradigmática de boa parte da classe política que nos tem governado nos últimos anos: especialistas em manter equilíbrios clientelistas entre as parcas elites da nossa sociedade, subjugando o sentido de estado para o plano do acessório e do dispensável.

quinta-feira, 28 de março de 2013

sábado, 23 de março de 2013

Manifestando-me sobre o Manifesto…


Embora discorde de parte substancial do conteúdo do “Manifesto pela Democratização do Regime”, apresentado na semana passada por um conjunto de personalidades da sociedade portuguesa, oriundos de diversos quadrantes políticos, não posso, contudo, deixar de reconhecer a pertinência de algumas das questões abordadas no documento.

Os partidos políticos representam, na sua essência mais pura, correntes de pensamento ideológico e, por isso mesmo, são, no meu entender, a pedra basilar da democracia representativa. Muito sinceramente, é com ceticismo que antevejo um sistema democrático que não assente em projetos políticos consubstanciados por conceções ideológicas da sociedade.

Todavia, julgo que os partidos políticos devem repensar o seu status quo, sob pena de cavarem ainda mais o fosso que separa os partidários dos apartidários, fomentando uma agonizante descrença dos cidadãos nas organizações políticas. Urgem, por isso, sinais de mudança de paradigma!

Os partidos precisam de dar claros sinais de abertura à sociedade. A reforma do sistema eleitoral nas eleições legislativas, passando-se a eleger deputados por ciclos uninominais, sem dúvida que é uma forma de aproximar mais os eleitores dos eleitos, responsabilizando as escolhas de quem vota e de quem é mandatado.

Julgo que a impermeabilidade atual do acesso a lugares na Assembleia da República, por parte de listas independentes, é outra evidência com a qual os responsáveis partidários não devem temer romper, sob pena de, com esta posição, evidenciarem uma anoréxica falta de crença no conteúdo ideológico que os seus partidos têm subjacente.

Não tenhamos dúvidas, as pessoas precisam de voltar a acreditar que podem confiar no sistema político, e cabe aos partidos democráticos perceber o que está em jogo. No meu entender, tão e só, a democracia que tanto sangue, suor e lágrimas custou a conquistar.

terça-feira, 12 de março de 2013

O estrabismo do “Olho Vivo”


Ri-me à gargalhada com a imagem apresentada na rubrica “Olho Vivo”, do jornal “O Alvaiazerense”, nesta última edição de fevereiro! Onde isto chegou…
Publicação no jornal "O Alvaiazerense".

A fotografia publicada foi tirada no troço de acesso da vila de Alvaiázere à EN 110 (nos Bispos) , cuja requalificação, ao contrário do veiculado pelo mensário, ainda se encontra em fase de conclusão, não estando (em  bom rigor), sequer aberto à circulação de trânsito, exceção feita para moradores.

Exceção feita para moradores, o trânsito está vedado no troço em causa.
Ora, quem tirou a fotografia, qual mártir, em nome de um alegado jornalismo rigoroso, imparcial, independente e abnegado, deu-se ao trabalho de efetuar o registo fotográfico de uma zona ainda em obras e, por isso mesmo, inacabada. Mais: a não ser que o repórter fotográfico seja morador em localidade cujo acesso tenha que ser feito obrigatoriamente pelo troço em causa, a missão revelou-se de tal maneira relevante, que o caminho teve que ser feito caminhando, visto que para o percorrer num qualquer veículo, haveria que fazer “tábua rasa” dos sinais de trânsito proibido que se encontram em todos os acessos ao local.

Julgo que é evidente a nova vocação d’“O Alvaiazerense”: fiscalização e coordenação de obras!

terça-feira, 5 de março de 2013

Responsabilidade 2.0

A virtuosidade do espaço virtual é por demais evidente, de onde relevo a extraordinária faculdade de propiciar a plena democratização do uso do direito de livre expressão de pensamento e de opinião, por parte dos cidadãos.
 
Contudo, a liberdade que a web possibilita no exercício pleno de participação cívica, só é atingível quando a intervenção pública é responsável, e não se esconde por de trás do conforto idiota e cobardolas que o anonimato “cibernáutico” permite.

“Zorros e Batmans” erguendo teclados, tablets, smartphones e outros gadgets em riste, apropriam-se de fóruns de discussão, de blogues e das próprias redes sociais, subvertendo e abusando do poder da palavra e da liberdade de expressão.

Em determinadas circunstâncias, dependendo da conjuntura política, o anonimato e a proteção da identidade, em qualquer das suas dimensões, constitui-se como um importante (por ventura, quase obrigatório), meio de luta contra a privação da liberdade, nomeadamente, em sociedades com deficits democráticos. Na Europa de hoje e, de resto, no mundo ocidental, tais comportamentos só descredibilizam a convivência democrática e, pior que isso, têm o efeito contrário de servir e justificar, muitas vezes, os propósitos dos temerários da crítica e do contraditório, que, infelizmente, também habitam o espaço público.

Não considero que o fim do anonimato na internet deva ser, por e simplesmente, decretado. Nós, enquanto cidadãos de uma sociedade que se ambiciona plenamente democrática, é que devemos estar à altura da nossa ambição, não nos socorrendo destes subterfúgios que não são mais do que formas de fugirmos às nossas responsabilidades.

É por isso que, de forma totalmente clara e transparente, dou início a este espaço de exposição de pensamento e de opinião. Não por lidar mal com o confronto de ideias, mas porque a blogosfera constitui-se amiúde como um meio de espoliação dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos (pelas razões que, de resto, já expus), vou vedar a publicação de quaisquer comentários.

A “mascarilha” que esconde o nome só revela o quão desinteressante é o carácter da pessoa que a usa, demonstrando que muitos de nós continuarão a mostrar uma inaptidão crónica para honrar as conquistas de abril. Julgo eu…