O mundo tem estado um quanto ou tanto ao contrário. Os
pratos da balança estão desequilibrados, mas hoje houve uma boa notícia que, de
alguma maneira, os fez aproximar...
Refiro-me ao anúncio, no final do Conselho de Ministros de
hoje, do início do processo de concessão das empresas públicas de transporte a
privados.
No seu conjunto, as sete empresas do sector empresarial do
estado que operam no sector dos transportes, e que são tuteladas pelo
Ministério da Economia, apresentaram, no final de 2013, uma dívida de cerca de
20 mil milhões de euros.
Este valor representa um crescimento do endividamento de
5,6%, devido aos desequilíbrios operacionais das empresas que, embora sejam
amplamente financiadas com dinheiro dos contribuintes, não conseguem ser
sustentáveis.
É dívida, compromissos, que vão ser pagos pelo estado, ou
seja, pelos nossos impostos, reduzindo a capacidade do governo em diminuir a
carga fiscal.
A maioria destas empresas opera, principalmente, nas duas
áreas metropolitanas do país, no Porto e em Lisboa. Prestam um serviço público
de extrema importância, mas não em todo o território nacional. Porém, o passivo
destas empresas, o deficit das tarifas que são cobradas, são suportadas não
apenas pelos seus utilizadores, mas por todos os Portugueses.
Enquanto que, em nome da sustentabilidade das contas
públicas (que eu advogo), o Portugal profundo vai perdendo acesso aos mais
diversos serviços públicos, esses Portugueses do profundo Portugal lá vão
financiando a dívida do Metro do Porto, da Carris ou do Metropolitano de
Lisboa.
Com o anúncio de hoje não ficámos a saber muito. Mas ficámos
a saber que com a prestação deste serviço público de transporte por privados,
só no próximo ano, o estado vai poupar 85 milhões de euros.
O mundo ainda está ao contrário... Mas já não está a fazer o
pino!
(Publicado a 17 de julho de 2014, no espaço de opinião "Opinião Semanal" da página institucional do "facebook" da Concelhia de Alvaiázere da Juventude Social Democrata)